sábado, 27 de junho de 2015

RECONHECIMENTO - O MEU MUNDO EM IMAGENS E OBJETOS

Sim, dia 6 de julho se aproxima, e estou vivendo um momento de inquietação e ao mesmo tempo sendo presenteada pelo Elos a viver um momento de introspecção, refletindo e trazendo em minha bagagem partes do meu mundo.

Para nos reconhecermos em comum-unidade 2 exercícios foram propostos:



Ahhh viajei nessa busca, ao refletir em como representar em objetos essas questões.

O subjetivo me encanta e muitas vezes meu olhar que insiste em ser poético, sente dificuldade em materializar/tangibilizar minhas percepções.

De onde venho?

Gosto de dizer que resido na Morada da musicalidade de Forfun:

"Faço de mim
Casa de sentimentos bons
Onde a má fé não faz morada
E a maldade não se cria
Me cerco de boas intenções
E amigos de nobres corações
Que sopram e abrem portões
Com chave que não se copia

Observo a mim mesma em silêncio
Porque é nele onde mais e melhor se diz
Me ensino a ser mais tolerante, não julgar ninguém
E com isso ser mais feliz
Sendo aquela que sempre traz amor
Sendo aquela que sempre traz sorrisos
E permanecendo tranquila aonde for
Paciente, confiante, intuitiva

Faço de mim
Parte do segredo do universo
Junto a todas as outras coisas as quais
Admiro e converso
Preencho meu peito com luz
Alimento o corpo e a alma
Percebo que no não-possuir
Encontram-se a paz e a calma

E sigo por aí viajante
Habitante de um lar sem muros
O passado eu deixei nesse instante
E com ele meus planos futuros
Pra seguir
Sendo aquela que sempre traz amor
Sendo aquela que sempre traz sorrisos
E permanecendo tranquila aonde for
Paciente, confiante, intuitiva".



Materialmente, estabeleço residência no lar das memórias da infância, localizado na Rua Rio Grande, 196, Esmeralda , Santa Cruz do Sul –RS, onde nasci, cresci e brinquei.
Venho de uma comunidade (Bairro Progresso) que onde em meio a vulnerabilidade social, pude aprender sobre fraternidade ao morar em uma casa onde sempre há lugar para mais um e o pão a mesa sempre sera dividido.
Venho da Mercur, uma Empresa que acredita e atua na construção de "Um mundo de um jeito bom para todo o mundo" . Que possui direcionadores/direcionamentos que norteiam o nosso Ser-Estar-Agir. E que possibilita um plano de Educação para a Vida.
Venho do Rio Grande do Sul, que possui uma tradição que me faz extremamente feliz e esta presente no meu dia a dia, o chimarrão. Diariamente nos relacionamos através de uma cuia. Em roda, lado a lado, juntos conversamos, sorrimos e cuidamos uns dos outros.
Ao mesmo tempo venho de todos os lugares, pois sim, acredito que fazemos parte de um todo onde somos interligados a tudo e a todos.

Quais são as coisas, causas, fatos, assuntos, pessoas mais importantes para mim? Ou que foram importantes para a construção de quem sou hoje?

Como representar isso em objeto? 
Penso que indiferente de coisas, causas, fatos ou assuntos tudo isso sempre vai me conectar a pessoas. Pois para mim é isso que importa, a humanidade que somos e pertencemos. O Ser...Humano que estamos destinados a vir-a-ser. São tantas as pessoas que já mudaram o curso da história, são tantas as pessoas que já mudaram o curso da minha história...que me inspiraram, me fizeram enxergar aquilo que é invisível aos olhos...através de olhares, palavras, ações e afeto, muito afeto. Construindo vínculos através do cuidado, de uma escuta profunda e atenção plena.

Ao pensar nas pessoas que me cercam preenchem a minha vida de sentido e me fazem sentir.
Comecei a correlaciona-las e descobri que muitas dessas pessoas são como nuvens para mim.
De uma imensidão que me permite viajar junto, cuja presença trás consigo uma leveza e sutileza que me acalentam. E quando olho mais profundamente para essas pessoas, assim como as nuvens, começo a imaginar e ver aquilo que preciso, aquilo que esta pulsando e precisa de alguma forma emergir. 
Reconhecemo-nos!


Aprendi com a Lia Diskin, que Coexistir é entender que não existimos sozinhos. Somos constituídos graças às milhares de interações que chegam até nós. Então é uma impossibilidade nomear somente algumas pessoas aqui, pois eu sou quem sou, graças a essas milhares de interações. 
Existe até mesmo uma sabedoria universal que compõem cada célula do meu corpo e carrega consigo toda a ancestralidade da caminhada na construção do humano.

Já diria Desmond Tutu:

"Um ser humano solitário é na verdade uma impossibilidade. Você nasceu, porque houve uma união de duas pessoas. Eu não saberia falar como um ser humano. Eu não saberia ser humano. Eu não saberia andar como ser humano. Eu tenho que aprender com outros seres humanos, então eu dependo completamente de outros seres humanos para poder ser humano.
Então a verdade, sim, a verdade de quem somos é que somos, pois pertencemos."


O que me inspira?

O amor me inspira, aquele amor que é uma extensão minha ao encontro do outro.
Um amor que coloca o nós, antes do eu;
o nosso, antes do meu; o somos, antes do sou.
Um amor que honra, reconhece, integra e uni.

Quais são as minhas questões, inquietações e buscas atuais?

Eu busco ampliar diariamente e cada vez mais as minhas visões de mundo. Estou em busca de um olhar abundante, que não julga. Quero me libertar dos conceitos pre-estabelecidos por uma sociedade que criou uma ideia de individualidade e competitividade, quando na verdade, somos essencialmente seres cooperativos.
Quero transformar o meu acreditar em ação.
Atuar na construção do melhor mundo.
Se não eu, quem sera?
Se não hoje, então quando?
Para mim, a hora é agora!

E enfim, o meu mundo em imagens:



O que me Inquieta?




O que me motiva/alimenta?


O que me inspira?




terça-feira, 2 de junho de 2015

PRINCIPIO DA COEXISTÊNCIA - UM FINAL DE SEMANA COM LIA DISKIN




Esse final de semana tive o privilegio de estar em presença e na presença da Lia Diskin, em mais um modulo da Pós-Graduação em Pedagogia da Cooperação e Metodologias Colaborativas. Conversando sobre Tradição - Ética - Moral.

No inicio, a primeira questão que surgiu foi: E o que isso tem a ver com coexistência?

Coexistir, é entender que não existimos sozinhos. Somos constituídos graças às milhares de interações que chegam até nós. Somos filhos do cuidado. Nas palavras de Desmond Tutu: 
"Um ser humano solitário é na verdade uma impossibilidade. Você nasceu, porque houve uma união de duas pessoas. Eu não saberia falar como um ser humano. Eu não saberia ser humano. Eu não saberia andar como ser humano. Eu tenho que aprender com outros seres humanos, então eu dependo completamente de outros seres humanos para poder ser humano. Então a verdade, sim, a verdade de quem somos é que somos, pois pertencemos."

Interagimos a cada instante com a vida que nos cerca, intersomos a cada respiração, a cada batida do coração.
E o nosso grande desafio é entender essa conexão e despertarmos a nossa consciência, exercitando a experiência da auto percepção:

Em que fase da lua estamos?
Que arvores estão florindo lá fora?

Por que existimos?
Existimos com quem?
Existimos como?

Que perguntas são essas? 


São perguntas, das quais, para algumas não tive as respostas, mas que são intrínsecas ao meu Ser-Estar-Perceber o mundo e a vida que habita-nos e cerca.
Para que tenhamos tal compreensão, compartilho um trecho do livro "O coração da compreensão" de Thich Nhat Hann, que nos convida a uma viagem para dentro de uma folha de papel e consequentemente de encontro a nós mesmos...


INTERSER

“Se você for um poeta, verá claramente que há uma nuvem flutuando nesta folha de papel. Sem uma nuvem, não haverá chuva; sem chuva, as árvores não podem crescer e, sem árvores, não podemos fazer papel. A nuvem é essencial para que o papel exista. Se ela não estiver aqui, a folha de papel também não pode estar aqui. Logo, nós podemos dizer que a nuvem e o papel intersão. “Interser” é uma palavra que não está no dicionário ainda, mas se combinarmos o prefixo “inter” com o verbo “ser”, teremos este novo verbo “interser”. Sem uma nuvem, não podemos ter papel, assim podemos afirmar que a nuvem e a folha de papel intersão.

Se olharmos ainda mais profundamente para dentro desta folha de papel, nós poderemos ver os raios do sol nela. Se os raios do sol não estiverem lá, a floresta não pode crescer. De fato, nada pode crescer. Nem mesmo nós podemos crescer sem os raios do sol. E assim nós sabemos que os raios do sol também estão nesta folha de papel. O papel e os raios do sol intersão. E, se continuarmos a olhar, poderemos ver o lenhador que cortou a árvore e a trouxe para ser transformada em papel na fábrica. E vemos o trigo. Nós sabemos que o lenhador não pode existir sem o seu pão diário e, conseqüentemente, o trigo que se tornou seu pão também está nesta folha de papel. E o pai e a mãe do lenhador estão nela também. Quando olhamos desta maneira, vemos que, sem todas estas coisas, esta folha de papel não pode existir.
Olhando ainda mais profundamente, nós podemos ver que nós estamos nesta folha também. Isto não é difícil de ver, porque quando olhamos para uma folha de papel, a folha de papel é parte de nossa percepção. A sua mente está aqui dentro e a minha também. Então podemos dizer que todas as coisas estão aqui dentro desta folha de papel. Você não pode apontar uma única coisa que não esteja aqui- tempo, espaço, a terra, a chuva, os minerais do solo, os raios do sol, a nuvem, o rio, o calor. Tudo coexiste com esta folha de papel. É por isto que eu penso que a palavra interser deveria estar no dicionário. “Ser” é interser. Você simplesmente não pode “ser” por você mesmo, sozinho. Você tem que interser com cada uma das outras coisas. Esta folha de papel é porque tudo o mais é.

Suponha que tentemos retornar um dos elementos à sua fonte. Suponha que nós retornemos ao sol os seus raios. Você acha que esta folha de papel seria possível? Não, sem os raios do sol nada pode existir. E se retornarmos o lenhador à sua mãe, então também não teríamos mais a folha de papel. O fato é que esta folha de papel é constituída de “elementos não-papel”. E se retornarmos estes elementos não-papel às suas fontes, então absolutamente não pode haver papel. Sem os “elementos não-papel”, como a mente, o lenhador, os raios do sol e assim por diante, não existirá papel algum. Tão fina quanto possa ser esta folha de papel, ela contém todas as coisas do universo dentro dela.”


Ao compreendermos a Interdependência de todas as coisas é fundamental compreendermos tambem, que estamos participando do processo de construção do humano.

Todas as nossas interações dão origem as dinâmicas sociais, a partir delas criamos leis que surgem para dar-nos condições iguais. A lei é um recurso de convivência.

A partir das nossas ações e comportamentos, surge a moral, que são as regras instituídas para que convivamos em sociedade, em meio as dinâmicas culturais. É um costume normativo.


A ética é uma reflexão sobre a moral, é o pensar,sentir e refletir sobre as nossas ações...

A moral se herda ao passo que a ética se constrói, se conquista.
A ética nasce quando o desafio da convivência se manifesta, não se pode codificar.


E eis que ao refletirmos sobre algumas das situações do dia a dia, damo-nos conta do quanto existem situações legais, moralmente questionáveis e eticamente abomináveis. 
A Lia nos contou que cresceu ouvindo que os ciganos comiam criancinhas, quando atingiu a idade de questionar, perguntou para seus pais porque? Eles não sabiam responder, apenas responderam que era assim. Um tempo depois, ela formulou outra pergunta: Voces ja viram um cigano comendo criancinhas? Não, eles não haviam visto.


É extremamente importante entendermos que o habitual não é natural.

Cabe a nós, a nossa ética, questionarmos e refletirmos sobre os padrões de comportamento que nos são impostos, principalmente os excludentes.
E mesmo que em algum momento da história, de fato, algum cigano houvesse comido criancinhas, cabe a nós generalizarmos tal julgamento?


"Não percebemos que não percebemos"

A mudança torna-se necessaria quando o repertorio de valores direções e significados ja  não dão conta da realidade, ou não promove satisfação e visão de futuro.

Contradição, pluralidade, indeterminação, aleatoriedade, e relativismo encontram-se na raiz de toda a mudança.

Em uma analogia a situação que estamos vivendo hoje, podemos dizer que estamos em meio a dois prédios: Um esta em construção e o outro esta ruindo, ambos impossíveis de serem habitados.


Toda nova ordem, nasce na desordem. Esse novo modelo trás consigo características 
essenciais de condições sociais igualitárias, e o respeito as fontes da sustentabilidade da vida.

PERCEPÇÃO - ATENÇÃO - COMPREENSÃO

"Cada epoca não apenas sonha a seguinte. 
Ao sonha-la a faz despertar"


O que você enxerga? Morcegos?

E qual o desenho que se forma por entre os espaços em branco? Consegues visualizar os anjos?

Aprender implica desconstruir.
Fomos ensinados a enxergar o ponto preto na folha de papel, chegou a hora de abrirmos mão da perspectiva e compreendermos que a perspectiva não é a realidade.
Que possamos enxergar o que é invisível aos olhos.

Cultura não é civilidade e intelectualidade não é humanidade.

Você tem uma ideia dos rios que já tomou?
Do quanto a terra nos nutre, coexistimos e devemos nutri-la?

Experiencias nos abrem a ideias e ideias nos permitem novas experiencias.

Sigamos atentos, construindo um novo olhar, um novo mundo.


Com afeto e reflexão,
Abraços contemplativos,
Iédem.